terça-feira, 23 de novembro de 2010

Opinião e resumo da obra "Diálogo das Compensadas", de João Aguiar

Nesta publicação irei resumir o livro ” Diálogo das Compensadas” de João Aguiar e dar a minha opinião sobre o mesmo.
A obra retrata uma história simples e actual, constituída por uma narrativa alternada com um diálogo, um romance do futuro com invocação ao passado. Trata de uma ordem religiosa, a Ordem de Santa Leucádia, que vende placas aceleradoras para computadores. Uma mistura de fragmentos de um livro (diálogos e passagens do livro escritas no novo português ressuscitado, i.e. , um português do futuro, repleto de estrangeirismos e de "calão") e narração expressa na mesma linguagem (onde o escritor ao analisar o livro dá explicações e justificações sobre o que está a fazer).
Descobrimos, ao longo da obra, que toda a história é o pano de fundo para uma intensa crítica à sociedade. O autor critica o facto de os maiores valores, ou seja, os mais importantes, serem maioritariamente os materiais, como o dinheiro, bom emprego, bom carro, boa vida, grandes festas, entre outros materialismos, enquanto os verdadeiros valores como o amor, a partilha e o bom senso são, cada vez mais, colocados de lado. Esta crítica insere também uma procura construtiva da preservação da língua portuguesa que se tem vindo a modificar, tornando-se numa mistura de estrangeirismos (prioritariamente ingleses) e língua portuguesa.
Todo o romance gira em torno de Cláudio, um jovem, da geração reality-show, do séc. XXI que vê tudo aquilo em que acredita ser destruído ao longo das suas conversas com a religiosa abadessa, não isenta de segredos, pondo tudo em causa, o que o leva a uma completa revisão e remodelação daquilo em que acreditava.
Este livro surpreendeu-me bastante, e pela positiva. A sua leitura é bastante agradável e envolvi-me especialmente na parte da crítica à sociedade, e à sua futilidade e materialismo excessivo. Gostei, também da interpretação de que o nosso futuro pode ser trágico, caso a globalização e modernização desenfreada não abrandem. Por ultimo, apreciei bastante a crescente modificação de Cláudio, que nos faz tomar consciência de que se quisermos, ainda há coisas que podem realmente mudar na nossa Sociedade e podemos parar/abrandar este crescimento exagerado da futilidade e materialismo existentes nos dias de hoje, bem como a desenfreada globalização e modernização em nos encontramos.

Coerência e Coesão

A lecture de hoje incidiu sobre o que são a coesão e a coerência e quais as suas regras. A coesão tem haver com a organização formal, que permite estabelecer conexão entre os elementos de um texto. A coerência, por seu lado, além de incorporar a organização formal, depende também da capacidade dos factos descritos serem tidos como congruentes, como lógicos. 
Aprofundando um pouco, a coesão trata da relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes. Uma das suas modalidades é a remissão, com função de (re)activar aquilo a que se refere. As remissões podem ser anafóricas (para trás) ou catafóricas (para a frente) e fazem-se através da utilização de conectores, pronomes, artigos, entre outros, tendo como objectivo tornar o texto num todo coeso.
No que diz respeito à coerência, esta trata da relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
Na lecture de hoje foram-nos transmitidas algumas regras fundamentais para a coerência de um texto, nomeadamente :
  • Regra da repetição – deve comportar, no seu desenvolvimento linear, elementos de estreita recorrência.
  • Regra da progressão – é necessário que o seu desenvolvimento seja acompanhado de um acréscimo semântico constantemente renovado.
  • Regra da não-contradição – é necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum elemento semântico contradizendo um conteúdo posto ou pressuposto por uma ocorrência anterior, ou dedutível desta por inferência.
  • Regra da relação –  é necessário que os factos que eles denotam, no mundo representado, estejam articulados, isto é, sejam percebidos como congruentes, no tipo de mundo reconhecido por aquele que avalia o texto.
Reflexão Crítica :
Considero importante que nos transmitam estes conceitos pois muita gente os confunde e se esquece de como são essenciais. Essenciais na medida em que a comunicação é uma arte e quanto melhor formos nela mais oportunidades teremos de ser bem sucedidos nos mais diversos ramos da vida. É importante ser coeso, ou seja, escrever e ligar correctamente os elementos das frases para transmitir a ideia correcta, mas tão importante como isso é ser coerente, seguir uma linha de pensamento lógico, um raciocínio com início meio e fim, que nos leve necessariamente à conclusão, sem dúvidas. Só assim conseguiremos expor as nossas ideias, fundamentar e argumenta-las de forma credível e lógica, de forma a que todos entendam o nosso ponto de vista, que todos entendam o que pretendemos exprimir e o tenham como válido.